29 de nov. de 2011

The cat comes out of the box!

Pois é, para esse post: uma novidade! Dessa vez, fizemos a degustação de uma cerveja artesanal brasileira que na receita, além de aveia, leva chocolate venezuelano com 70% de cacau na composição.

E, exatamente, aqui já é um bom momento para parar e perguntar: o que você esperaria de uma cerveja com chocolate na receita? Se o que te vem a mente é um clássico toddynho, um suflair ou qualquer outro desses chocolates super doces, melhor parar por aqui e não abrir a caixa do gato. Um pouco de etimologia (com cerveja? sim!) pode fazer bem. Embora exista determinada incerteza e confusão sobre a origem da palavra chocolate, uma das mais fortes probabilidades, é que a palavra tenha sido originada da língua dos astecas, a língua náuatle. Por essa corrente, chocolate vem de xocolātl, que é resultado na fusão de xococ, que significa "amargo",com atl, "água". Junte isso a toda a mística que envolve o chocolate e conta sua história sobre o seu consumo por diversas civilizações históricas, como a maia, e você estará preparado para o que há dentro dessa caixa, ou melhor, dessa garrafa. Com tudo isso em mente, nossa expectativa já era de uma cerveja com um amargor poderoso, apelo sexy e um certo êxtase.

A Cat In the Box é uma Imperial Stout com 81 IBU, feita pelo pessoal da artesanal Cervejaria Urbana. Conseguimos adquirir duas garrafas dela, e segundo fomos informados, no momento não há mais exemplares disponíveis dela, mas torcemos para que a receita seja elaborada novamente.

23 de nov. de 2011

No improviso: Brooklyn East IPA e batatas assadas

A harmonização da vez surgiu totalmente no improviso!
A idéia era fazer batatas assadas e recheadas para jantar. Para variar, o recheio era bem cremoso, denso, encorpado, gorduroso, com sabor forte, lotado de gorgonzola, cogumelos e alho poró. Como a "adega" de casa estava repleta de Brooklyn East India Pale Ale, decidimos fazer o teste e verificar se funcionaria como corte para a gordura e densidade do recheio da batata, pelo simples fato de ser uma cerveja com uma alta carga de lúpulo, amargor intenso e grau alcóolico um pouco mais elevado do que a média (6.8% ABV).


14 de out. de 2011

It's your B-Day! Say "cheese"! - Risoto de Cogumelos com Gorgonzola e cervejas

Decidimos ousar um pouco nessa aventura e contrastar uma série de diferentes tipos de cerveja com a potência de sabor do gorgonzola, acompanhado pela textura "carnuda" e leve sabor terroso de cogumelos frescos do tipo portobello num risoto feito em casa.

A idéia era fazer um risoto bastante carregado no gorgonzola, paixão do David, já que o prato seria para o jantar do seu aniversário. Ainda seguindo nessa temática de festa para o David, nada poderia complementar melhor o risoto do que vários testes de rótulos e estilos de cerveja, que pensamos que poderiam funcionar... ou nem tanto. Então, para escolher os rótulos de cerveja, pensamos nas características dos ingredientes separadamente e também nas características finais do prato.

O risoto seria também levemente apimentado, apenas para dar uma sensação de calor na boca, sem agredir (aos mais fracos; porque para esse casal, os toques apimentados são preferência). Ao mesmo tempo, devido a grande (ENORME!) quantidade de gorgonzola, o sabor seria marcante e a textura bem cremosa. Como detalhe, seria ralado queijo parmesão (parmigiano reggiano) por cima de cada porção, então as características do parmesão foram levadas em conta também.

O prato basicamente junta a potência, gordura, sal e cremosidade do gorgonzola, o sabor levemente terroso e o aroma dos cogumelos e os combina com os toques levemente apimentados, salgado e o "fundo" levemente adocicado do parmesão reggiano.

Para um prato poderoso em aromas, sabores e texturas, as cervejas precisariam ser potentes também, para, ao mesmo tempo, não desaparecer diante do risoto, mas também não sobressair demais. Além disso, era imprescindível que a cerveja tivesse a "força" para cortar a gordura do prato.

12 de set. de 2011

Porque o sabor não poderia melhorar

A Brahma orgulhosamente lança agora uma latinha que se transforma em... copo? Trata-se do "Brahma Copaço", uma lata de cerveja de 350ml que, após retirado o lacre, se transforma em copo, com a abertura total da tampa.

Segundo a Brahma, em nota à "Exame", a criação do produto foi baseada em grupos de pesquisas mensais realizados pela Ambev, com mais de 2,5 mil pessoas. Durante o estudo, a equipe da marca concluiu que existe uma preferência do público por consumir a cerveja com a experiência do copo, mas com a conveniência da lata.

Mais parece uma vontade de, NOVAMENTE, "fazer barulho" com uma "inovação" fútil para um produto sem personalidade. Afinal, não faz muito tempo, fizeram auê pelo simples fato de mudar a cor das latinhas da mesma marca, ainda mantendo a mesma paleta, aliás o melhor teria sido dizer "mudar a posição de utilização das mesmas cores nas suas latinhas".

16 de ago. de 2011

Chega(da) da Budweiser no Brasil!

A AmBev está trazendo ao mercado brasileiro uma das cervejas que está, sem dúvidas, entre as principais responsáveis pela alienação do consumidor comum de cerveja: a Budweiser. Talvez essa afirmação possa parecer demonizar demais a marca, mas não se pode negar a importância dessa cerveja dentro do portfólio da InBev, que controla a AmBev e é responsável por um enorme pedaço do mercado e produção mundial de cerveja, através de suas "american lager" (que muitas vezes encontramos aqui no Brasil,  rotuladas erroneamente, como "pilsen"). 
 
Além da importância no portfólio da companhia, não podemos deixar de mencionar o impacto desse rótulo e do crescimento de sua presença em escala mundial. Um dos maiores e principais efeitos é o aspécto cultural : cervejas como a Budweiser contribuíram, e muito, para a tendência que percebemos hoje - a consolidação de um estilo mundial de cerveja padrão, cuja maior característica é a alta drinkability, em decorrência da ausência de complexidade de características sensoriais. 
 

9 de ago. de 2011

Estados Unidos - Crescimento da cerveja artesanal, um exemplo a seguir.

Os Estados Unidos realmente se tornaram um exemplo em matéria de cerveja artesanal.

As vendas de cerveja artesanal nos EUA cresceram em 15% na primeira metade de 2011, representando o que, acredita-se, seja um número recorde para uma indústria que está ocupando um lugar cada vez maior na economia norteamericana, segundo a Brewers Association divulgou na segunda-feira, 09 de agosto.

A elevação de vendas e produção, chegou em um momento em que as vendas de cerveja em geral caíram aproximadamente 0,9% nos últimos seis meses, disse Julia Herz, a diretora do programa de cerveja artesanal da Brewers Association.

Esses números de 2011 vêm de um aumento de vendas visto ano após ano, com crescimento de 12% na primeira metade de 2010 e 9% nos primeiros seis meses de 2009.

O número de cervejarias nos Estados Unidos - 97,2% das quais são cervejarias artesanais - também cresceu em 10,2%, para um número total de 1.790 cerevjarias até o final de junho.

8 de ago. de 2011

A belga e a grega - Tripel Karmeliet com Moussaka

Queridos leitores,

Finalmente, conseguimos decidir o assunto para o primeiro post deste blog que promete falar sobre Cerveja e Companhia. Certamente, se vocês chegaram aqui é porque compartilham da nossa grande paixão por esta, que vai muito além de uma bebida, e, como disse Tom Hampson, conquista seu posto como a bebida para provar, saborear, falar sobre e viajar por ela: a cerveja! Nosso tema principal será sempre a cerveja, e como a própria história dela, esse blog pretende ir além do comum e não se tornar mais uma enciclopédia de impressões e avaliações de cerveja. Aqui, vamos discutir a companhia da cerveja, em todos os seus aspectos : dos pratos aos ambientes, clima e pessoas.

Para o primeiro post, decidimos testar uma harmonização que nunca havíamos provado, mas parecia ter potencial, levando em conta as características do prato e o conhecimento que já tínhamos sobre o rótulo escolhido.

A Moussaka é um prato típico da Península dos Balcãs e do Médio Oriente, cuja variação mais conhecida é a Grega. Consiste basicamente em camadas de berinjela frita e batata frita intercaladas com camadas de carne. A nossa receita foi vegetariana, então ao invés da carne, usamos proteína de soja moída (muito bem temperada com cebola, pimentão, tomate, etc.).

Levando em consideração o grau de gordura no prato, decorrente especialmente da quantidade de queijo que iríamos utilizar (prato e parmesão), do creme de leite no molho e das berinjelas e batatas fritas, procuramos uma cerveja que oferecesse um elemento de corte que limpasse a boca após cada garfada. Pensando também no possível amargor da berinjela, não queríamos acentuar ainda mais essa característica, então decidimos uma cerveja não tão amarga. Mas precisávamos de uma cerveja com personalidade, que pudesse fazer frente à receita da moussaka, um prato com textura poderosa, sabores intensos e diversos (toques salgados, adocicados, apimentados).

Por tudo isso, a escolhida foi a Tripel Karmeliet.


A potência alcoólica (8% ABV) desta cerveja pôde cortar facilmente a gordura do prato, e a carbonatação (média a alta) limpou o paladar (com a ajuda também do frescor típico que este rótulo traz). Ao mesmo tempo, que a sensação de corte proporcionou a impressão de limpeza no paladar, as notas adocicadas dessa cerveja (e típicas em qualquer cerveja do estilo belgian tripel) combinaram muito bem com as características adocicadas do prato, trazidas especialmente do molho e tempero da soja. Dessa forma, cada gole da cerveja, pedia uma nova garfada que pedia um novo gole. Isso, sem mencionar a intrigante interação entre o adocicado da tripel com o queijo parmesão (salgado e picante, mas também com um "fundo" doce) presente no molho e no gratinado. Por ser um prato muito temperado e com diversos ingredientes, percebíamos muitos sabores a cada garfada, então os toques condimentados mais complexos da cerveja complementaram e realçaram a complexidade e gama de sabores na moussaka.

Por fim, podemos dizer que a Moussaka é uma bela companhia para a Tripel Karmeliet! Não houve "briga" entre o prato e a cerveja, os elementos combinaram muito bem entre si, sem que qualquer um deles ofuscasse o outro.

Ótima harmonização. Recomendamos!